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Botox para "rugas de fumante/códigos de barra"? É possível?

Atualizado: 20 de abr. de 2024

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Pra começar, não existe um tratamento único e excelente para todas as pessoas, mas existem algumas boas opções, dependendo do que se objetiva tratar. Ao mesmo tempo, existem opções não tão boas. E se tratando dos códigos de barra/ rugas de fumante, penso que o BOTOX (toxina botulínica) não seja uma boa alternativa.


E pra te explicar isso, preciso falar brevemente sobre a anatomia dessa região. O orbicular da boca é o músculo que tenciona, ou enruga, os lábios, e quando você o flexiona (enrugando), essas linhas ficam muito profundas. Na juventude, isso geralmente não é um problema devido à elasticidade da pele facial jovem. Na juventude, aliás, você flexiona os músculos, franze a testa e faz qualquer movimento, depois relaxa e as linhas desaparecem. À medida que o colágeno é perdido com o tempo, a pele fica mais fina e, eventualmente, essas rugas podem se tornar fixas, ou seja, elas ficam presentes até mesmo em repouso. Este é um processo gradual que depende da qualidade da pele, bem como do tamanho e localização do músculo e de quão profundas essas rugas estão ou não na pele. Sua formação pode em alguns casos ter algo a ver também com o tabagismo, que faz com que a pessoa constantemente contraia o músculo orbicular, fazendo o “biquinho” para fumar. Não é a toa que essas rugas também são chamadas de rugas de fumante (smoker’s lines). Mas podem também estar relacionadas a tocar instrumentos de sopro, fazer uso de canudo constantemente ou da bomba do chimarrão. Embora eu creia mais  que a existência delas, esteja relacionada principalmente à genética e ao  processo natural do envelhecimento.

 

Bem, mas por que o Botox não seria uma boa alternativa para esses casos na minha opinião? Embora, em tese, "as linhas de fumante/códigos de barra" possam ser tratadas com a toxina, aplicando-a no músculo orbicular da boca, e há estudos mostrando bons resultados com o Botox na área, inclusive com o uso combinado do preenchedor e a toxina para tratar a região, não poucas vezes têm ocorrido muitos resultados ruins com a aplicação da toxina nessa região.


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Imagem do experimento/estudo onde o preenchedor foi associado à toxina para tratar o código de barras



Ao relaxar o músculo que move os lábios, estes passam a se mover menos, tanto em repouso (diminuição do tônus ​​de repouso do músculo), quanto em movimento (ao falar, comer ou sorrir, etc). E olha que isso se trata de um bom cenário. No pior deles, a toxina pode migrar para o músculo levantador do lábio superior, levando à assimetria e ptose do lábio superior, ocasionando também dificuldades para comer e falar. Alterações funcionais adversas, podem incluir a incapacidade formar certas letras, articular diferentes sons e pronunciar várias palavras. Pode haver incapacidade de aproximar os lábios firmemente, o que pode causar incontinência de líquidos ou mesmo de alimentos e salivação


Claro que essas intercorrências estão mais ligadas ao que podemos chamar de um tratamento mais agressivo, com excesso de toxina. Contudo, elas também podem ocorrer com um tratamento sutil. Ou seja, você corre o risco de obter complicações ou resultados de tratamento piores do que a condição que está sendo tratada, com pouca ou muita toxina.


E ainda, sabendo de vários casos de insucessos do "BOTOX" nessa área, optei por não aplica-lo nessa região. Mudanças no movimento dos lábios e da boca são dramáticas para quem as sofre. Carregar por 3, 4... meses uma disfunção na boca, pela qual realizamos uma função vital, que é alimentar, e como isso pode afetar o psicológico de alguém, não é um risco que eu acredito que vale á pena correr, ainda mais havendo outras opções mais seguras. Como não existe um reversor do Botox, honestamente, não quero ver meus pacientes passando por isso, portanto, não o utilizo nos códigos de barra.


E pra não dizer que só eu penso assim, existem outros profissionais que partilham da mesma opinião, como o Daniel Julien, experiente enfermeiro esteta canadense e o Dr. Summit Kundaria, cirurgião plástico de Charlotte/Carolina do Norte que já viu muitos resultados ruins com a toxina aplicada no código de barras...


Finalizando, é preciso compreender que as linhas acima dos lábios são teimosas e nem sempre podem ser “removidas”. O que costuma ocorrer é uma redução das mesmas na maioria dos casos. Não caia nas postagens de “especialistas” de Instagram que dizem o contrário. Se fosse tão fácil, barato e eficaz, ninguém teria reclamações sobre isso. Economize seu dinheiro e ajuste suas expectativas. Muita gente, quer vender um procedimento específico a todo custo e criam ilusões nas pessoas. Não é correto prometer um resultado X ou Y, mesmo porque cada corpo, cada face é única e responde de maneira diferente às substâncias injetadas.

 

Acho que o caminho mais realista, não é pensar em eliminar as rugas do código de barras, mas sim atenuá-las, embora em alguns casos essas ruguinhas atenuam de forma surpreendente. E para isso, temos boas opções, mas tenha sempre em mente que a remoção não é realista e buscar isso poderá causar problemas. Como em outras partes do rosto, a melhora gradual manterá seu sorriso bonito e lhe dará motivos para sorrir. Não tente resolver tudo de uma tacada só, isso não é seguro e costuma trazer resultados ruins.

 

Se algo é apresentado a você como algo bom demais (e fácil) para ser verdade, como se fosse uma solução mágica, seja cético. Não acredite em tudo que vê por aí.

 

Mas afinal de contas, quais alternativas realistas para tratar essas ruguinhas? Bem, a resposta para essa pergunta, eu respondo aqui neste post.


Espero que este post tenha lhe sido útil.


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Kênia Colares é graduada em Estética e Cosmética, Ciências Biológicas e pós-graduada em Estética e Cosmetologia, Procedimentos Estéticos Injetáveis, Anatomia Humana, Fitoterapia e Obesidade e Emagrecimento. Estudante de Biomedicina e Nutrição. (Outras áreas de formação: Pedagogia, Teatro, Marketing, Literatura Infantil)


É membro da ANESCO, REGISTRO PROFISSIONAL CNEC 4002.






 
 
 

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