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ECLIPTA PROSTRATA: uma planta medicinal com vários efeitos terapêuticos

Atualizado: 30 de ago.


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Eclipta prostrata ou Eclipta alba é a planta conhecida pelo nome popular de erva botão, agrião do brejo, entre outros. Possui ciclo anual, pode atingir entre 30 e 40 cm de altura, possui caule oco e cilíndrico, com uma tonalidade única de verde-avermelhado e com alguns nós radicantes. As folhas possuem borda dentada e apresentam algumas manchas e pintas de cor castanho-avermelhada.


A espécie é muito utilizada na Medicina Ayurveda. Uma de suas ações terapêuticas é no tratamento da osteoporose. Para quem pensa que os ossos são estruturas estáticas, essa não é a verdade. Nossos ossos estão em constante atividade, tanto a osteoblástica, quanto a osteoclástica. A atividade osteoblástica diz respeito á produção dos ossos, seu endurecimento. Já a atividade osteoclástica, é responsável pela reabsorção (perda) óssea que ao longo da vida, que faz parte processo de remodelação óssea e possibilita que os ossos se adaptem às necessidades do corpo de cada indivíduo, seja por conta do crescimento do corpo, seja para atender a demandas biomecânicas, como o aumento do peso, sobrecarga atlética, fraturas, etc; ou metabólicas (variações dos níveis sanguíneos de cálcio e fósforo, por exemplo)


Embora a reabsorção óssea seja um processo natural, quando ela é maior do que a atividade de formação óssea, ocorre a osteoporose que é uma doença que se caracteriza pela perda progressiva de massa óssea, tornando os ossos enfraquecidos e predispostos a fraturas. Assim sendo, a erva botão, beneficia quem tem osteoporose da mesma forma que ajuda na prevenção dela, pois contribui para formação de osteoblastos, as células jovens do tecido ósseo com intensa atividade metabólica e responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. Também concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz.


A osteoporose acomete, principalmente, mulheres após a menopausa, por conta da redução nos níveis do hormônio estrogênio, mas também pode afetar homens idosos. O desenvolvimento da doença está relacionada a causas genéticas, como também ao estilo de vida, como alimentação com suporte deficitário de vitamina D e cálcio, consumo excessivo de café, tabagismo, sedentarismo, entre outros.


Outro benefício atribuído à "erva botão", é em relação à saúde dos olhos. As folhas desta planta têm um teor muito alto de caroteno, que é uma substância antioxidante crucial para a saúde dos olhos. O caroteno pode eliminar os radicais livres que causam degeneração macular e a formação de cataratas. Isso ocorre porque os carotenóides são precursores, ou seja, se convertem em vitamina A, que é altamente antioxidante. Por isso, um pouco de Eclipta alba ao regime de dieta pode ajudar a manter a saúde ocular.


Mas os benefícios da "erva botão" vão mais adiante. A planta também é capaz de reduzir níveis de colesterol LDL e triglicérides, bem como melhorar o sistema respiratório, entre outras benesses. Tem também ação anti-inflamatória. Nesse sentido, um estudo onde animais sofreram inflamação induzida, a Eclipta alba demonstrou excelente ação terapêutica reduzindo o efeito inflamatório. Da mesma forma um estudo mostrou através do uso de extrato da planta o controle da inflamação causado pelo veneno da serpente da espécie Bothrops moojeni ( jararaca), atestando sua potente ação anti-inflamatória. Seu comportamento sobre o mesmo, foi comparado ao anti-inflamatório dexametasona. Entre seus compostos está o isoflavonóide wedelolactona, da classe dos fitoestrogênios, que pode trazer benefícios em relação aos sintomas da menopausa e prevenção do câncer dependentes de estrogênio (câncer de mama). Dessa forma, são empregados como suplementos dietéticos de estrogênio para a redução dos sintomas da menopausa, de forma semelhante à terapia de reposição hormonal. Estudos indicam que o efeito protetor dos isoflavonoides pode se estender além de suas atividades antioxidantes em níveis moleculares e celulares.


Quanto à toxicidade, a planta tem baixa toxicidade. Um estudo in vivo com roedores concluiu sua ação hepatoprotetora (proteção do fígado), como também seu poder contra distúrbios hepáticos. É capaz de reduzir a deposição de gordura, infiltração mononuclear e focos necróticos estimulando a regeneração de hepatócitos no fígado. Portanto, aqueles que possuem doenças hepáticas, como cirrose hepática, hepatite infecciosa e esteatose hepática, por exemplo, podem se beneficiar do uso da planta, já que a mesma foi relatada como sendo a melhor erva para o tratamento de algumas patologias hepáticas. Outro estudo apontou que os componentes de Eclipta alba como wedelolactona, demethylwedelolactona e saponinas reduziram a deposição de gordura, infiltração mononuclear e focos necróticos e estimularam a regeneração de hepatócitos no fígado. Num terceiro estudo com roedores, onde foram administradas doses diárias de 250 mg, 500 mg e 1000 mg por quilo, não foram reportadas mortes nem outras alterações funcionais nos animais.


Em contrapartida, em outro estudo feito também com roedores, conclui-se que a administração oral de extrato aquoso das folhas, teve efeitos prejudiciais nos parâmetros bioquímicos e induziu alterações histopatológicas no fígado de camundongos albinos suíços fêmeas em doses superiores a 2000 mg/kg/dia ( = 2g/kg/dia), indicando que seu uso indiscriminado deve ser evitado. Ou seja, até certo ponto ela pode ser benéfica para o fígado, a partir de certo ponto, prejudicial. Logo, não se deve exagerar. E isso na verdade não é exclusividade da Eclipta prostrata, mas é válido para outras plantas medicinais, bem como para os remédios alopáticos e tudo mais na vida. Como diria um médico que ouvi certa vez: "Até água demais faz mal", o que por sua vez remonta á conhecida frase do médico e físico Paracelso: "A diferença entre o remédio e o veneno está na dose". Mas de qualquer maneira, ainda não está bem estabelecida uma dose exata e segura a ser consumida, mesmo porque isso pode variar de uma pessoa pra outra. De modo geral, diria no máximo 400 ml (aproximadamente 2 xícaras) por dia, pelo período de até 2 meses, considerando depoimentos de uso popular da planta, pois até então não há estudos clínicos (com humanos) a fim de averiguar a capacidade hepatoprotetora e antinflamatória da erva. O que há até agora é um estudo piloto, publicado na PubMed que apresenta indícios de que a planta é hipotensora e hipocolesterolêmica e ajuda a aliviar as complicações induzidas pelo estresse oxidativo em hipertensos. Mas o consumo e a quantidade excessivas por um longo período de tempo de qualquer chá não são recomendados para ninguém. Por isso é importante fazê-lo sob acompanhamento de um profissional de saúde.


Além disso, o uso da "erva-botão" é contraindicada para crianças, gestantes, pessoas com problemas cardíacos e também em casos de diarreia e sangramentos. Considerando também que, em algumas condições de saúde, seu uso, necessita do aval médico. Além disso, ela tem oxalato de cálcio, cujo consumo em excesso pode contribuir para a formação de pedras nos rins, principalmente para aqueles com predisposição à formação de cálculos. Sempre consulte seu médico ou nutricionista para usar chás, cápsulas, etc.. Há uma série de implicações, principalmente se você faz uso de medicamentos de forma contínua, pois pode haver interação que interfira na ação do remédio, anulando ou potencializando seu efeito.



ATENÇÃO: nenhum alimento, chá, suplemento ou procedimento estético sozinho faz milagres na nossa saúde ou pele. É e sempre será, um conjunto de fatores que influenciam na manutenção da saúde e da beleza, bem como no adoecimento. Portanto, esse texto não tem como objetivo tratar a planta ECLIPTA ALBA/ECLIPTA PROSTRATA como uma "erva milagreira".


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Kênia Colares é graduada em Nutrição, Biomedicina com habilitação em Estética, Ciências Biológicas Pedagogia, Teatro e pós- graduação em Fitoterapia, Procedimentos Estéticos Injetáveis, Nutrição com Ênfase em Obesidade e Emagrecimento, Nutrição Clínica, Estética e Cosmetologia e Literatura Infantojuvenil. É também Técnica em Paisagismo pelo INAP e, nas horas vagas adora projetar jardins e escrever livros para a infância. Já publicou 33 obras literárias para a infância, algumas inclusive, com foco em educação alimentar.. E quando sobra tempo, ainda produz novos títulos.



REFERÊNCIAS:


EFEITO DO EXTRATO HIDROALCOOLICO DA Eclipta prostrata EM MODELO DE INFLAMAÇÃO IN VIVO, INDUZIDA PELO VENENO DA SERPENTE Bothrops moojen. Univap. Available from:


FENGA, Li., ZHAI, Yuan .A review on traditional uses, phytochemistry and pharmacology of Eclipta prostrata (L.) L. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874118340285


FERRO, D. & PEREIRA, A. M. S. Fitoterapia: Conhecimentos tradicionais e científicos, vol. 1. 1 ed. São Paulo: Bertolucci, 2018, p. 328-333.


Hepatoprotective Role of Eclipta alba against High Fatty Diet Treated Experimental Models – A Histopathological Study. National Library Medicine. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31490461/


KUMAR, Sarvesh. PHYSICO-CHEMICAL ANALYSIS AND PRELIMINARY PHYTOCHEMICAL SCREENING OF CRUDE PLANT EXTRACTS OF Eclipta alba IN DISTRICT HARIDWAR http://www.rasayanjournal.co.in/admin/php/upload/1037_pdf.pdf


LIN, X. H. et al. Effects of volatile components and ethanolic extract from Eclipta prostrata on proliferation and differentiation of primary osteoblastos. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20110887/


LORENZI, H. & MATOS, F. J. de A. Plantas medicinais no Brasil: Nativas e exóticas. 2 ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008, p. 136-137.

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CARACTERIZAÇÃO FARMACOGNÓSTICA DE Eclipta alba (L.) HASSK, Asteraceae (AGRIÃO DO BREJO)


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Biochemical and histopathological effects on liver due to acute oral toxicity of aqueous leaf extract of Ecliptaalba on female Swiss albino mice. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3608297


Estudio de la actividad analgésica en ratones Swiss sometidos a diferentes dosis de extracto hidroalcohólico al 30% de raíz de Eclipta alba. https://periodicos.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/16433


OTIMIZAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO E OBTENÇÃO DE UM DERMOCOSMÉTICO A PARTIR DE Eclipta alba (L.) PARA O TRATAMENTO DE ALOPECIA. https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29949/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20Fl%C3%A1via%20Sales%20Lopes%20do%20Nascimento.pdf


Risks associated with consumption of herbal teas https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8978213/



 
 
 

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